segunda-feira, 13 de outubro de 2008

União para Vitória

A história nos mostra que sem união, jamais conseguiremos a vitória.

O que é a vitória?

Não queremos tomar o país de volta, mesmo que toda essa área ocupada pelo Brasil tenhan sido habitada e possuída de fato pelos Povos Indígenas por milhares de anos antes da invasão.

Queremos, apenas o nosso digno e justo quinhão.
Queremos a terra onde viveram nossos ancestrais, analisada e avaliada como propriedade indígena, sem a finalidade de revenda ou arrendamento. Porque terra indígena é terra preservada para culturas nativas em pequena escala de produção caracterizada como prática sustentável, sem a gananciosa destruição dos herdeiros dos invasores.

Queremos total acesso às políticas de saúde do Estado.
A grande e esmagadora maioria das doenças exóticas foram trazidas pelos invasores e seus descendentes.
Mesmo as doenças nativas foram potencializadas pelas populações não índias por terem sido tratadas com substâncias alopáticas, permitindo o fortalecimento de vírus e bactérias em relação à época em que os vírus e bactérias das moléstias eram fracos e suscetíveis aos tratamentos da medicina xamãnica, utilizando-se somente a bioterapia natural das florestas.

Queremos educação para acompanhar a evolução de todos os seres humanos do planeta. Até porque, não fomos nós, índios, quem alterou o clima da Terra como a destruição dos biomas naturais.
Pelo contrário, hoje os Txamoys e Payés andam muito para buscar nas poucas ilhas de Biodiversidade preservada, as ervas e espécimes vegetais ou animais que sempre promoveram a cura do nosso povo.

Queremos nossa Florestas de volta.

Logo, o que queremos, são os mesmos desejos de todas as etnias indígenas: Terra, Saúde, Educação e Floresta.
Queremos mais um pouquinho: Respeito e Dignidade para cada Nação Indígena e para cada indivíduo do povo da terra. Pois, não somos brasileiros. Nossos ancestrais estão aqui há milhares e milhares de anos antes de Portugal inventar o Brasil.

Como podemos nos impor?
Basta que esqueçamos as contendas do passado para nos unirmos fortemente como é o caso da
COIAB : Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira.

Hoje, já temos sinais que não se pode adotar uma postura individualista onde cada Nação Indígena luta exclusivamente pelos seus interesses.

E também temos lições de vida deixadas por líderes imortais, como Maninha Xukurú irmanada ao povo Kariri , pesarosamente falecida no dia 11 p. p.
Maninha foi uma ativista e grande incentivadora das Articulações dos Povos Indígenas como bem deixou o seu exemplo nas Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), da qual foi coordenadora até o ano de 2005.
A mesma união que junta Tupinakis e Guaranis em Aracruz - ES, idem entre Guaranis e Kaingangs na região metropolitana de Porto Alegre, conforme depoimento recente da nossa irmã Liana Utinguassú.

Vamos, ainda mais longe. O Payé Antonio Pankararú me contou, de viva voz, como juntou seu povo ao Quilombo Caldeirão, no interior de Pernambuco, não perdendo as culturas indígenas e nem afro-brasileiras.

Portanto a receita, meu querido irmão Payayá é a união.
Constituir-se em Organização para ter voz própria perante a lei deste país e reivindicar, pedir o apoio de ONGSs que realmente sejam sérias e desejam ajudar o Povo Indígena.

Reivindicar e cobrar soluções. Divulgar o descaso, a maldade e a incompetência governamental que se instalou neste país, quando a questão é terra indígena, saúde, educação e Preservação da Biodiversidade Indígena das Florestas.

Não votar em candidato que odeia índios e ter objetivos de crescimento e melhorias como qualquer outro ser humano.

Heitor Kaiová

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