terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Estrada ilegal ameaça a Terra Indígena Awá, no Maranhão

Estrada ilegal ameaça a Terra Indígena Awá, no Maranhão

[10/02/2009 12:47]

Madeireiros ilegais abrem estrada na TI Awá (MA) colocando em risco a integridade das comunidades indígenas e a vida de grupos isolados. Índios ameaçam abrir guerra contra invasores.

A comunidade Juriti, única aldeia da Terra Indígena Awá, no Maranhão, vive em tensão constante. Seus 39 habitantes vivem acuados pelo barulho de tratores que, recentemente, abriram uma nova estrada no coração de suas terras para escoamento de madeira. A estrada ocupa a porção sudoeste da Terra Indígena e se encontra a menos de duas horas de caminhada da aldeia e do Posto Indígena da Funai nessa área. Posseiros também têm invadido a TI Awá abrindo roças e utilizando recursos naturais, que não é a única a sofrer esse processo de degradação. Juntam-se a ela as Terras Indígenas Araribóia, Alto Turiaçú e Carú que se constituem nas últimas reservas de floresta tropical do Estado do Maranhão.

Estrada aberta por madeireiros na Terra Indígena Awá (MA)

Para piorar a situação, estima-se que um grupo isolado de cerca de 10 pessoas viva naquela região. Em 5 de fevereiro último, o coordenador-geral de índios isolados da Fundação Nacional do Índio (Funai), Elias Biggio, admitiu em entrevista ao site Globo Amazônia que há relatos de contato entre os madeireiros e os isolados. Sensíveis às doenças infecto-contagiosas, os índios Guajá isolados correm o risco de desaparecer em curto período de tempo. A principal conseqüência da ação dos invasores é a dispersão dos animais de caça. Sem ter o que comer, os Guajá contatados estão sujeitos a desnutrição e morte.

Imagens mostram manchas do desmatamento

Na imagem de satélite captada em outubro de 2008 é possível ver o desmatamento provocado pelos invasores, que suprimiram a mata nativa de praticamente toda a fronteira leste da Terra Indígena Awá para abrir roças e cortar madeira. Mas a oeste também é possível constatar a ação das madeireiras em diversos pontos onde grandes clareiras foram abertas para a retirada de madeiras nobres.

Conflito é iminente na região

O conflito entre madeireiros, posseiros e índios é iminente. Em agosto de 2008 madeireiros atacaram a tiros aldeias de índios Guajajara na Terra Indígena Araribóia, causando um clima de terror em toda a região. Nesta mesma TI vivem cerca de 50 Guajá isolados que estão sofrendo com o alto grau de desmatamento, assim como os grupos da TI Awá e TI Carú. Como em outras regiões da Amazônia a omissão dos órgãos governamentais, sobretudo da Funai e do Ibama, levou os índios a afirmarem que estão se preparando para iniciar uma guerra contra os invasores. Saiba mais.

No início de fevereiro, a ONG Survival International lançou uma campanha voltada e impedir a aniquilação dos Guajá . Baseada em ações postais, a campanha visa influenciar o Banco Mundial, a União Européia e o Parlamento Europeu para pressionar o Brasil a resolver os problemas fundiários na região. Essa campanha é a atualização de uma ação desenvolvida em maio de 2002 com o apoio da revista Sem Fronteiras e o Instituto Ekos para a Equidade e a Justiça, dos missionários combonianos do Nordeste, da revista Caros Amigos, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal e da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos.

Saiba mais sobre os Guajá.

Uirá Felipe Garcia para o ISA

ISA, Instituto Socioambiental.

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