domingo, 22 de maio de 2011

Pavulagem da Ro: Os Guarani Kaiowá

Pavulagem da Ro: Os Guarani Kaiowá

Boa Noite Ro, eu como neto de Guarani Kaiowá só tenho que te agradecer muito. Estou lutando para libertar meu povo desse inferno de persiguição causado pelos roubos de terras Guarani Kaiowá que cada dia aumenta mais. Estou tentando abrir uma Fundação com ajuda internacional. Só com a pressão de países fortes ou talvez, a OEA é que consiguiremos libertar meu povo desses fazendeiros ladrões e gananciosos.
Obrigado por você publicar sobre o meu povo.

Heitor Karai Awá-Ruvitxá Gonçalves

sábado, 7 de março de 2009

Índios Piripikura da Amazônia pedem socorro

Índios Piripikura da Amazônia pedem socorro PDF Print E-mail
Monday, 21 July 2008 14:13

Vítimas das derrubadas e da grilagem, índios viram seu povo ser dizimado. A sorte deles está nas mãos do governo.

JI-PARANÁ, RO e BRASÍLIA – Nunca na história deste País se roubou tanta árvore de território indígena. Somente no mês passado, em apenas três dias de operação a Polícia Ambiental de Rondônia e os fiscais da Secretaria de Desenvolvimento Ambiental apreenderam mais de 10 mil metros cúbicos de madeira na região de Cacoal e Espigão do Oeste, a cerca de 500 quilômMuito ferido, Tikun teve que se recuperar em Ji-Paraná/ VÍDEO HOSPITAL REGIONAL etros de Porto Velho. Avaliava-se na ocasião a existência de pelo menos mais 10 mil metros cúbicos.

O terceiro contato com dois remanescentes indígenas Piripikura na margem esquerda do Rio Roosevelt completará um ano no próximo dia 7 de agosto. Nada mudou de lá para cá, só piorou. Eles estão cercados por grileiros de terras portadores de armas contrabandeadas e ávidos caminhoneiros em busca de madeira para empresas que nem sempre são identificadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). E assim vem sendo dilapidadas as últimas reservas de uma região que se estende até Colniza (noroeste mato-grossense).

A lembrança desse contato foi feita pela Kanindé – Associação de Defesa Etnoambiental, com a expectativa de que se providencie a salvação desses índios. Isso mesmo, salvação. Além das estradas existentes no entorno do antigo território da tribo em extinção, a Funai constatou armas importadas entre fazendeiros. Não há dúvidas quanto as intenções.

Omissão


Os contatos com os Piripikura ocorreram em 1989, 1998 e em 2007. Desde 1984 indigenistas da Funai tinham informações e convívio com outros índios dessa tribo – pelo menos quatro. Mas o governo e o Congresso Nacional omitiram-se em relação aos seus direitos. Indigenistas da Pastoral-Operação Amazônia Nativa (Opan) não só constataram a existência de um grupo, provavelmente Kawahiva, como chegaram a conviver com eles na Fazenda Mudança.

Os índios mantinham visitas a sede da Fazenda Mudança. "Durante o levantamento surgiu a oportunidade de se manter contato permanente até o fim dos trabalhos, com dois membros desta comunidade", diz um relatório da entidade". Tikun, um dos índios, teve que ser levado para Ji-Paraná, para ser operado. Voltou somente em novembro para o acampamento da Funai. Mondei, o segundo índio, voltou para floresta sem Tikun. Em dezembro, ele foi novamente encontrado, agora com a ajuda de Tikun, que voltara da cidade no mês anterior.

Durante dez dias os índios permaneceram no acampamento da Funai. No dia 18 de dezembro, preferiram voltar à floresta", relata o documento encaminhado esta semana ao ministério da Justiça Tarso Genro, ao presidente da Funai Márcio Meira, organizações não-governamentais, políticos e jornalistas.

Cerco aumenta

O encontro dos Piripikura fora planejado em abril do ano passado, quando a Frente de Proteção Etnoambiental Madeirinha, da Coordenação Geral de Índios Isolados da Funai retomou os trabalhos na região. Não se sabia se esses índios ainda estavam vivos, já que, desde 1998 eram escassas as informações sobre eles. A equipe foi à floresta e viu a devastação, mas foi possível localizá-los. A Frente prosseguiu apurando a situação deles e documentou a área. Nem tudo estava perdido, apesar do cerco cada vez maior da grilagem. Uma situação semelhante ao que ocorreu há 30 anos com os índios Zoró e Suruí, na mesma região.

No confronto dos dados recolhidos durante este período em mapa, é nítido o cerco, alertou Ivaneide Bandeira Cardozo, da Associação Kanindé. "Seus caminhos tradicionais percorridos em função do ciclo das águas e de produtos de sua coleta foram cortados propositalmente por estradas abertas por fazendeiros e madeireiros, antigos conhecedores da existência dos Piripkura e da região onde vivem", assinalou.

Documento produzido pelo então gerente executivo do Ibama em Ji-Paraná, Walmir de Jesus, em junho de 2005, levantava as irregularidades dentro das propriedades que incidem no território Piripkura. Ele anotou os seguintes envolvidos: Celso Ferreira Penço (Fazendas Samaúma, Mudança, Paralelo 10, Mudança, Central, Madeirinha) e Fazenda Barradão, depropriedade de João Garcia. "Em cinco anos, Celso Penço foi responsável pela extração ilegal de 180 a 200 mil m3 de madeira, mesmo não possuindo nenhuma serraria. Porém existem três serrarias localizadas em suas terras", assinala o relatório.
Em outro trecho do documento, o funcionário denunciava a aquisição ilegal de armas no Paraguai (seis de calibre 12, e 20 quilos de munição) por Penço. De 2005, época da denúncia, a situação nada mudou.

Intervenção urgente

Depois de mais de um ano de trabalho na região a Frente de Proteção Etnoambiental concluiu: se não houver intervenção do Estado por meio de uma portaria de restrição de uso – o que paralisaria atividades não-indígenas na área dos remanescentes – será inevitável mais um genocídio. "E desta vez o Estado não poderá alegar desconhecimento", adverte Ivaneide Bandeira.
A portaria à qual ela se refere permite cessar com urgência qualquer atividade econômica em território indígena. Além da extração madeireira ilegal e da grilagem, os próprios planos de manejo estão na mira da Associação Kanindé.

A Kanindé alertou o ministro da Justiça de que a atividade madeireira aumenta neste no período de estiagem, quando também ocorrem queimadas em Rondônia, no Acre e em Mato Grosso. A entidade teme por seus integrantes: "A segurança da equipe na região nos preocupa, porque não temos efetivos jurídicos para fazer cumprir o Art.231 da Constituição Brasileira ("São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos osseus bens").


Borboleta, "uma hora tava ali, depois ali"

JI-PARANÁ – Tikun e Mondeí receberam esse nome de outro povo, os Ikolen-Gavião. Em Tupi-mondé, Piripkura quer dizer borboleta. Os Piripkura tradicionalmente se dividiam em pequenos grupos que percorriam grandes extensões de território em pouco tempo. "Como borboleta, Piripkura uma hora tava ali, depois ali", contou Catarino Sabirop, cacique Ikolen. Coincidentemente, os povos Arara e Gavião foram vítimas da invasão de suas terras por comerciantes e madeireiros de Ji-Paraná entre 1975 e 1977, conforme este repórter publicou na Folha de S. Paulo e em O Globo, com base em denúncias judiciais e do falecido sertanista Apoena Meireles.

A Associação Kanindé lembra que há 60 anos os Ikolen disputavam o mesmo território com os Piripkura. "Com a chegada dos brancos, os índios foram impedidos de percorrer essas grandes extensões de terra. Iniciou-se, principalmente depois das décadas de1970 e 1980, um processo de confinamento e genocídio aos Piripkura, queno momento atual chegou ao extremo", diz o documento enviado ao ministro.

Devastação no Roosevelt

Tikun fez alguns relatos a indigenistas da Funai durante os três contatos. E narrou os massacres promovidos pelos brancos. Uma das reportagens que mostram a situação angustiante desses remanescentes foi publicada pelo jornalista Felipe Milanez, na revista "National Geographic". Ele recordou que em 1973, com o fim dos seringais, um grileiro conhecido por Reveria determinou o desmatamento de uma extensão de 90 quilômetros ao longo do rio Roosevelt, nas duas margens, com uma largura de três quilômetros.
"Os ribeirinhos correram para o mato, entrando em contato com índios isolados. Após esse primeiro conflito territorial, em 1975 um grupo madeireiro fundou a Colonização Indústria e Comércio Ltda, com a sigla de Colniza, cuja sede ficava próxima ao rio Aripuanã. O Estado passou a distribuir títulos de terras para pessoas influentes. Foi o começo da grilagem em uma das regiões mais vulneráveis e menos protegidas de toda a Amazônia".

Diante de um iminente genocídio, a Associação Kanindé esperava rapidez na interdição da área ocupada pelos índios. Isso não aconteceu. À revista Carta Capital, em novembro do ano passado, o presidente da Funai Márcio Meira declarou: "Estamos constituindo um grupo de trabalho para fazer a interdição eidentificação da área, que é um dever nosso. É protegê-los".

Aval do MMA

Outro motivo que fazia acreditar na rapidez na publicação da restrição de uso é o fato de que a região Piripkura, incide na região 51 Madeirinha-Roosevelt, que o governo brasileiro, por meio da Portaria nº 9 de 23/1/2007 e do Ministério do Meio Ambiente, definiu como região depreservação prioritária. "Ressaltamos ainda que a região mencionada foiclassificada como de Prioridade Extremamente Alta paraações visando a preservação ambiental", destaca a Kanindé.

Acrescenta: "A mesma classificação recebeu no item Importância Biológica. É conhecida a eficácia na preservação ambiental das áreas destinadas aos povos indígenas, sobretudo de povos isolados, mesmo diante das dificuldades dada a falta de estrutura da Funai e do Ibama". (M.C.)

Fonte: Agência Amazônia de Notícias

Autor: MONTEZUMA CRUZ

sexta-feira, 6 de março de 2009

União - Assembleia dos Tuxauas

SURUMU
Começa hoje 38ª Assembleia dos Tuxauas

Fonte: a A A A

Foto:  

Coordenador do Conselho Indígena de Roraima, Dionito Souza

ANDREZZA TRAJANO
 
 

A poucos dias do julgamento que decidirá a constitucionalidade da demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol, ao norte de Roraima, em área contínua, lideranças indígenas de todas as etnias do Estado vão discutir o assunto durante a 38ª Assembleia dos Tuxauas.

Com o tema "A luta continua: unidos venceremos", o evento organizado pelo Conselho Indígena de Roraima (CIR) começa hoje e segue até a próxima segunda-feira, 9, na vila Surumu, inserida na reserva, a 230 quilômetros de Boa Vista. O CIR chama a região de comunidade do Barro.

Representantes dos ministérios das Comunicações e Meio Ambiente, Polícia Federal, Exército Brasileiro, Comitê Gestor da Presidência da República, Fundação Nacional de Saúde, entre outras estarão presentes.  A Força Nacional de Segurança vai trabalhar na segurança da região durante o evento.

O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira, também confirmou presença. Essa será sua primeira visita a Roraima à frente da Funai. Hoje ele cumpre agenda na comunidade Demini, na terra indígena Yanomami, a leste do Estado, e amanhã participará da assembleia.

Além da legalidade da demarcação em área única ser palco dos debates, outros temas como desenvolvimento de programas comunitários, manejo de recursos naturais, alternativas econômicas, direitos indígenas, saúde e educação também receberão destaque, conforme o coordenador do CIR, Dionito Souza. A expectativa, segundo ele, é que 1.200 índios participem da assembleia. 

"Continuamos batendo na mesma tecla. Queremos a desintrusão já. As autoridades levarão [a Brasília] o nosso recado", disse o líder indígena, ao comentar a expectativa para o julgamento.

O encontro encerra com a aprovação de um documento que conste melhorias para o desenvolvimento dos povos indígenas. Ele será enviado a instituições ligadas à defesa dos direitos dos povos índios para que seja implementado o mais breve possível.
 
ELEIÇÃO – Hoje, durante a abertura da 38ª Assembleia dos Tuxauas, os indígenas conhecerão o novo coordenador do CIR para o próximo biênio. A votação começou no final do ano passado, em todas as comunidades ligadas ao Conselho, e encerrou ontem.
 
Concorrem ao pleito os atuais coordenadores Dionito de Souza e Terêncio Manduca (vice), além de Desmano Souza e Olga Barbosa. Essa é a primeira vez que uma mulher disputa ao cargo máximo do CIR. Os dois mais votados serão eleitos coordenador e vice da entidade, respectivamente.
 
Fonte: Folha de Boa Vista.

terça-feira, 3 de março de 2009

Ainda insisto na UNIÃO

Vejam que lindo exemplo.  O que começou com uma contenda hoje é símbolo de compreensão, valorização e respeito ao ser-humano.
 

Juntos, médicos e pajé evitam amputação
Todos os dias um pajé da etnia Tukano entra em uma enfermaria do Hospital Universitário Getúlio Vargas, em Manaus, e faz um ritual com rezas e ervas em torno da índia L., de 12 anos, debilitada por causa da picada de uma cobra jararaca em seu pé direito. Quando o pajé sai, as enfermeiras retornam com seus anti-inflamatórios e soro antiofídico. A mistura da medicina ocidental com as tradições indígenas no tratamento é resultado de negociações entre médicos e índios, que envolveu até a Procuradoria da República no Amazonas. Em três dias de tratamento simultâneo, a amputação foi descartada. Entre as possíveis explicações para a melhora, uma é que algum dos remédios – os da milenar farmacopeia indígena, os da avançada medicina ocidental, ou ambos – tenha surtido efeito. De qualquer forma, o caso é um exemplo de como a cooperação entre dois tipos de medicina pode funcionar - Época, 27/2.
 
Grande abraço a todos
 
Ana Kristina
GACEI- Grupo de Apoio Coração
e Espírito Indígena

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Camboinhas ...=?ISO-8859-1?Q?=20=C9=20preciso=20uni=E3o=20e?= vontade para tocar apitos

Prezada Ana Kristina e Parentes:

Tomo a liberdade de retificar o seu texto, Ana, no que concerne a Camboinhas, sim?

"Por favor, me corrijam se eu estiver falando bobagem, mas já ouvi dizer que após as últimas eleições todos os apoiadores da invasão ao terreno de Camboínhas
(área nobre em Niterói – Rio de Janeiro) se retiraram, deixando os Guaranis
à sua própria sorte. O que foi aquilo então? Um oba-oba? Mais uma vez eu
peço que me corrijam se estiver errada. Aliás, neste caso, eu torço para estar
errada mesmo."

Os sambaquis de Camboinhas são TERRA INDÍGENA do tronco TUPI, e muito antes da aludida "invasão" (SIC!) - termo usado pela Ana Kristina e do qual eu descordo cabalmente - cabe lembrar que existe um projeto de manejo sustentável indígena da área, no qual estão envolvidos os índios Urutau Guajajara e Arão da Providência Guajajara, bem como pescadores caiçaras (em parte descendentes dos TUPI).

Em ato formal da FUNAI, esta procurou as lideranças da Etnia Guajajara, trazendo uma família da Etnia Guarani mByá, a qual foi integrada à retomada em curso pelos Guajajara das terras indígenas ancestrais.

Ocorre que houve uma nefasta interferência de juruás muito mal intencionados, fato que levou os Parentes Guajajara se retirarem.


Por parte do Urutau Guajajara existe a disposição de dialogar com as lideranças Guarani mbyá:

"Acho uma boa ideia nos reunirmos com caciques e lideranças Guarani e outros Indígenas do Rio e São paulo, inclusive para saber mais informações sobre aquela família (...) antes que aquele grupo coloque o projeto Indígena de manejo sustentável em risco." (Urutau Guajajara)

Abraços de Luz!

Miryám Hess (abaixo segue notícias confiáveis sobre Camboinhas)
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Fonte : http://www.centrodeetnoconhecimento.blogspot.com/

Sobre o que ocorre em Camboinhas:

Luta Indígena em Camboinhas - Carta do CESAC Aberta ao
Público<http://centrodeetnoconhecimento.blogspot.com/2009/02/luta-indigena-em-camboinhas-carta-do.html>;

*O CESAC – Centro de Etno-conhecimento Sócio-cultural e Ambiental CAUIERÉ*,
entidade associativa sem fins lucrativos de defesa de direitos e interesses
indígenas registrada no RCPJ/RJ sob o nº 490.156, CNPJ sob o nº
73.295.875/0001-31 e no Ministério da Justiça ped. OSCIP de nº
08071.008534/2007-37, desde 1993, com sede na Rua Maracá, nº 7 em Tomás
Coelho, Rio de Janeiro, *gostaria de deixar claro que, sendo patrimônio dos
Povos Indígenas Brasileiros as áreas do Sambaqui de Duna Grande e do
Sambaqui Camboinhas, as etnias herdeiras, assim como a Comunidade de
Pescadores Artesanais de Itaipu, em parte formada por descendentes de Povos
Ameríndios que habitaram a região, possuem Direitos Indisponíveis,
Inalienáveis e Imprescritíveis sobre os mesmos*.

Como é de conhecimento público, *O CESAC, desde 2002 se mobiliza em defesa
do sistema lagunar de Itaipu*, juntamente com as entidades ambientais,
associações desportivas *e as populações originárias e tradicionais, por
meio de suas entidades representativas*, dando início à luta para defesa do
sistema lagunar, dos sambaquis e cemitérios indígenas da Região de Itaipu,
tendo apresentado juntamente com a Comunidade Caiçara de Itaipu - comunidade
tradicional, em parte descendente de Povos Originários da Região – por meio
da ALPAPI – Associação Livre dos Pescadores Artesanais da Praia de Itaipu -
um projeto interétnico de manejo sustentável da área para as principais
etnias herdeiras - demonstrando o interesse em dar uma destinação indígena e
interétnica à mesma.

Sendo o Sambaqui de Duna Grande um Cemitério Tupinambá, fica claro que, por
conta do Direito Sucessório, os herdeiros daquela região sejam de Tronco
Cultural Tupi, hoje representado pelas etnias contemporâneas Guajajara,
Kamaiurá, Aweti, entre inúmeras outras, e, obviamente, Tupinambá – assim
como a Comunidade Tradicional de Pescadores de Itaipu, em parte descendente
dos grupos Tupi que habitaram a região.

Em fins de 2007, o CESAC foi procurado pelo Sr. Cristino, representante da
Funai/RJ, para alocar ou assentar uma família Guarani Mbyá, oriunda da
Argentina, que havia sido expulsa da Comunidade de Paraty - Mirim. O projeto
supracitado foi apresentado ao Sr. Cristino (Funai) e às lideranças Guarani,
assim como, amplamente discutido com a referida família. *Por princípios
humanitários e legítimo anseio de reparação, compensação e indenização às
etnias* (*os Guarani-Mbyá pertencem ao Tronco Lingüístico Tupi-Guarani), a
família Guarani foi alocada em terreno de propriedade do CESAC*, que
adquiriu do velejador George Mollin, por meio de escritura de Cessão de
Direitos.

*O assentamento das duas famílias, Guarani e Guajajara, foi acertado entre
as partes, na presença de dois funcionários da Funai*, registrado e
documentado, fazendo parte de procedimento interno da CDHAJ/OABRJ.

*Ao invés de agradecerem a acolhida*, instigados por uma entidade que diz
representar interesses comunitários de Niterói, cujo diretor de comunicação
agora posa de antropólogo e escreve "não achar saudável a mistura de etnias"
(desconhecendo que, no Brasil, é trivial a instituição de Terras Indígenas
interétnicas e no Parque Indígena do Xingu aldeias costumam abrigar
harmonicamente famílias de etnias – e troncos culturais - diferentes), assim
como, estimulando o dissenso e a conspiração para melhor dominar, indivíduos
dessa mesma família Guarani passaram a hostilizar não somente uma família
Guajajara, bem como hostilizar e agredir lideranças e anciãos da própria
etnia Guarani, assim como apoiadores de opiniões independentes, que
ameaçavam a "liderança" de pensamento único, protagonizada por um rapaz
imaturo e violento, de caráter deslumbrado, facilmente manipulável por
aproveitadores organizados à órbita dessa entidade. Entidade essa movida por
interesses estranhos aos das etnias envolvidas.

*O* * CESAC é contra toda forma de intolerância e sempre realizou seu
trabalho de forma digna, organizada, apartidária e responsável. O CESAC
repudia o uso da violência e da coação, assim como campanhas difamatórias de
qualquer espécie.*

O comportamento discriminatório por parte dos Guarani, em grande parte
estimulado e propugnado pelo CIN (CCOB), é visto com grande tristeza, uma
vez que os Guarani sempre foram tratados com grande respeito, independente
do comportamento imaturo de alguns. Acreditamos que soluções para conflitos
não devem ocorrer por meio de violência e coação, como acreditam certos
indivíduos Guarani alocados em Camboinhas.


*Nós entendemos que o Sambaqui Camboinhas, construção humana de mais de
8.000 anos de idade, anterior à edificação às estruturas do Velho Mundo, é
Patrimônio dos Povos Indígenas Brasileiros, assim como o Sambaqui de Duna
Grande pertence, por direito sucessório, aos Povos de Tronco Tupi e à
Comunidade Tradicional Caiçara, em parte descendente dos Povos Tupi que
habitaram a região*.

*Os direitos dos Povos Indígenas e das Comunidades Tradicionais são Direitos
Indisponíveis, Inalienáveis e Imprescritíveis, tornando inviáveis quaisquer
Termos de Ajustes de Conduta (TAC) em Camboinhas, sob pena de
nulidade*. OCESAC entende que
* o monitoramento, acompanhamento e assistência jurídica dos direitos e
interesses das comunidades indígenas e das populações tradicionais daquela
região já estão sendo prestados pela CDHAJ/OABRJ e que a interferência
alheia à da CDHAJ, além de indevida, frustra os interesses dessas populações
* no projeto de manejo elaborado e implementado pelo CESAC, ALPAPI e
CDHAJ/OABRJ, *além de violar irreparavelmente os direitos das populações
originárias e tradicionais no local.*

*Os Guajajara possuem interesse cultural pelas áreas do Sambaqui Camboinhas
e do Sambaqui Duna Grande, o que torna nulo o Termo de Ajuste de Conduta
proposto por José de Azevedo, do CCOB, para a família Guarani Mbyá de
Camboinhas. Do mesmo modo, há direito sucessório, válido não apenas para os
Povos de Tronco Tupi, como para os caiçaras das comunidades locais,
descendentes de grupos Tupi*.

*Os Direitos dos Povos Indígenas e das Comunidades Tradicionais são Direitos
Inalienáveis, Indisponíveis, não podendo ser traficados por meia-dúzia de
violadores de Direitos.*

*O* *momento não é de determinar condutas e, sim, de determinar os direitos
e interesses dos Povos de Tronco Tupi e dos Pescadores Tradicionais de
Itaipu: uma família Guarani Mbyá não pode falar em nome de todos os Mbyá nem
pode dispor de direitos e interesses em nome de todos os Guarani; em segundo
lugar, os próprios Guarani Mbyá não poderiam dispor de direitos e interesses
nem falar em nome de todas etnias de Tronco Tupi.*

*A procuradoria da República, por meio da sua Subprocuradoria-Geral,
representando a 6 Câmara de Coordenação e Revisão, já determinou ao
Procurador da República de Niterói que defenda o projeto do CESAC/ALPAPI e
da CDHAJ. *

*Os Povos Indígenas brasileiros se integram à comunidade nacional, não
necessitando ser tutelados por entidades como o CCOB ou o CIN, cujos
interesses lhes são totalmente estranhos e obscuros. O CESAC tem compromisso
não somente com os Povos Originários e com as Comunidades Tradicionais da
região, bem como com todos os moradores de Camboinhas, que merecem ser
respeitados. Entendemos que "oprimidos" não podem se tornar opressores e
estendemos nosso respeito à autodeterminação dos Povos Originários ao
conjunto da sociedade nacional.*

*
*
Fonte : http://www.centrodeetnoconhecimento.blogspot.com/
_________________________________________________________________


Fri, 27 Feb 2009 12:09:19 -0300, Ana Kristina escreveu:

>
>
> *"Pessoas inteligentes discutem idéias; *
>
> *pessoas comuns discutem fatos; *
>
> *pessoas medíocres discutem pessoas." *
>
> (não sei quem é o autor)
>
>
(O texto de Ana Kristina foi retirado desse post por motivos de espaço, uma vez que está postado logo abaixo, neste blog. - Ana Kristina)

Re: É preciso união e vontade para tocar apitos

Ana Irmã querida!
Todos Amigos, irmãos e Parentes

Muito bem colocado minha querida. Suas palavras "NÃO SAEM DO INTELECTO" Saem direto do Coração e Espírito. Respeito, Admiração por colocar tão bem!

Mas, me permita apenas um reforço aqui : "Não estou de acordo com a frase abaixo, onde voce se coloca como Figurante"...Não é mesmo!

Ana, aprendi nesta vida que "Nem sempre "agradaremos à Todos", e pessoalmente Nunca busquei AGRADAR, mas assumir de coração aberto, verdadeiramente o que trago em meu Espírito, Honrando nossos Ancestrais, Respeitando o que foi deixado. QUE BOM QUE DEIXARAM REGISTROS, ENSINAMENTOS, e que Benção nestes "TEMPOS" termos aqui a presença Mais que Viva de Nações Indígenas que JAMAIS SE DEIXARAM "VENCER" por este desgovernado MUNDO onde o "TER" se sobrepóem ao SER.

Porém minha irmã.., falando com experiência na pele, no Coração, e Espírito, digo que MUITO POUCOS entendem ou buscam entender UNIÃO. Alguns, seguem o caminho do MEIO, libertando-se das correntes que chamo de "CORRENTES D E ALMA", para então UNIREM FORÇAS. Libertam-se destes malfadados Conceitos de 'PODER", para então SER Conscientes, Responsáveis.

Quero externar aqui, uma agradecimento à voce em Especia, que nunca foi uma FIGURANTE, ao menos Não aos meus olhos!! Voce, realmente entrou neste Barco inteiramente, sem receios, e nós mesmos aqui do SUL, sempre que lhe solicitávamos e mais ainda, agora, sempre que solicitamos APOIO, UNIÃO, para arregassar as mangas e daí do Rio de Janeiro apurar situações, nos informar, e igualmente gerar possibilidades conosco aqui do SUL, voce, prontamente disse: CÁ ESTAMOS para UNIR. Agradecemos Ana .Não são apenas Elogios ou palavras bonitas Parente. Admiro muito ,pois sempre uso de uma frase que sonhei...e diz assim: "É FÁCIL A GENTE SE UNIR A UMA BATALHA QUANDO ESTA APRESENTA SINAIS DE SER VENCIDA", MAS SÃO POUCOS OS QUE S E APRESENTAM DESDE PRINCÍPIO DESTA , PARTICIPANDO DE CADA ETAPA, JUNTO", sem jamais se dar por VENCIDOS. E mais...entendendo que há interpretações e "interpretações sobre VENCER...A Humanidade´, nossos Governantes deveriam Refletir e muito, sobre isto tudo face a REALIDADE que PLANTOU até aqui.

Conte conosco, SABES QUE PODES .

Um forte Abraço fraternalmente desta ´Parente , Amiga, irmã

Liana Utinguassú
Servidora/Presidente
Yvy Kuraxo

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

É preciso união e vontade para tocar apitos

"Pessoas inteligentes discutem idéias;

pessoas comuns discutem fatos;

pessoas medíocres discutem pessoas."

(não sei quem é o autor)

 

 

 

Há um pouco mais de dois anos, entrei para listas de discussões sobre a questão indígena. tenho postado notícias, apelos, petições e dado também alguns pitacos quando a indignação me sufoca.  Mas desta vez quero expressar aqui a minha própria opinião, baseada no que tenho visto e ouvido.

 

Nas listas, tive a oportunidade de conhecer ótimas pessoas, de vários estados. Professores, lideranças, estudantes, arqueólogos, jornalistas... enfim, uma gama muito rica de vivências e opiniões.  Um indigenista me disse uma vez que o problema do índio brasileiro é que ele se acostumou a enxergar unicamente a sua própria comunidade.  Não tenho vivência ou conhecimento suficientes para jurar que esta afirmação é correta, mas sou levada a acreditar nela pelo número de vezes que li, nestas mesmas listas, o pedido de UNIÃO vindo de Marcos Terena (respeitável figura dentro desses nossos grupos).

 

Com muita alegria, vejo hoje grupo de jovens interétnicos se formando.  Minha afilhada Caroline Taukane organiza encontros de jovens estudantes indígenas  em Cuiabá, minha querida Yré Kaiabi é ativista constante do encontro de mulheres do Xingu, meu compadre Ataíde vem promovendo o Congresso de Jovens Indígenas (SP) que tem por finalidade orientar os jovens índios a não caírem no "canto da sereia" do álcool e das drogas, por meio de palestras e atividades esportivas.  Não posso me esquecer da AJI - Ação dos Jovens Indígenas de Dourados (cenário de morte pela fome e descaso), os rapazes Umutina que estão tentando ressuscitar a cultura extinta,  e ainda o m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-o Indios On-line.  Sei que há ainda mais desses grupos atuando em pleno vapor.

 

É muito bom ver os jovens nesse caminho. Traz esperanças para o futuro.

 

Mas e o presente?  O que acontece com as crianças subnutridas, envenenadas por agrotóxicos, assassinadas, enquanto esses jovens não ficam mais velhos e ocupam cargos onde possam efetivamente mudar as coisas?  Por que deixar para o futuro, nas costas de jovens que já fazem muito diante de um cenário tão adverso, o que pode ser feito (ou pelo menos começado) hoje?

 

Amigos – chamo-os de amigos porque assim considero a quem compartilha dos mesmos ideais que eu – por curiosidade, andei olhando  no Orkut as comunidades relacionadas aos problemas e questões indígenas, bem como as opiniões nos fóruns de discussões.  A parte boa é que  a quantidade de indígenas acessando esses sites de relacionamento é enorme! Taí uma boa tese acadêmica. É um momento único. Um fenômeno social.

 

Mas a parte chata é ver que quem mais se movimenta pró-indígenas são os juruás (não-índios).  Eu sei que muitos falam um monte de besteiras, muitos ainda têm idéias estereotipadas a respeito do índio, muitos só conhecem índios de livros... enfim, há muita desinformação ou meia-informação.  Há também muitos interesses. Pessoas que querem se promover à custa da causa.  Por favor, me corrijam se eu estiver falando bobagem, mas já ouvi dizer que após as últimas eleições todos os apoiadores da invasão ao terreno de Camboínhas (área nobre em Niterói – Rio de Janeiro) se retiraram, deixando os Guaranis à sua própria sorte. O que foi aquilo então? Um oba-oba?  Mais uma vez eu peço que me corrijam se estiver errada. Aliás, neste caso, eu torço para  estar errada mesmo.

 

Quem mais deveria falar pelo índio é o próprio índio. 

 

Os juruás deveriam ser apenas os figurantes nessa história. 

 

Marcos Terena brincou dizendo que o índio quer apito, mas acho que os índios precisam é de um apitasso! Então, vamos explorar os espaços que são concedidos. Aproveitar os jornais, os sites de relacionamento, os canais concedidos nos sites da FUNAI, do Governo Federal, nas ONGs (sérias!)... há bastante campo e muito a ser semeado ainda!

 

Marcos Terena não pode ser apenas um retrato na parede – uma figura lendária dissociada da realidade. Coloquem em prática o que ele diz. União é preciso.

 

Eu, por minha vez, fico aqui no banco dos "figurantes" torcendo por todos, mas principalmente pelas crianças indígenas que irão herdar o resultado do que for feito HOJE. 

 

Lembrem-se que daqui a algumas décadas, VOCÊS serão os ancestrais. E o que deixarão como legado?

 

Comecei meu email com aquela citação, cujo autor desconheço, porque talvez nem todos compartilhem das mesmas idéias. Mas me reservei o direito de manifestá-las e até gostaria de ouvir as opiniões contrárias, porque acho que este é um espaço para a livre manifestação, troca de idéias e aprendizado.

 

 

Um grande abraço com o desejo de um ano realmente novo.

 

Muita luz em todos os caminhos.

 

Ana Kristina S. Ribeiro

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Raposa Serra do Sol: Questão de Justiça Texto de Frei Beto


Retroagir a homologação de Raposa Serra do Sol para área não-contínua representa grave precedente jurídico em relação aos demais processos demarcatórios, e poderá estimular grileiros e oportunistas a realizarem invasões nos mesmos moldes das que ocorrem em Roraima.
Frei Betto

Em 15 de abril de 2005, o presidente Lula assinou a homologação, em área contínua, da reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. Este ano, a Polícia Federal, em cumprimento da lei, mobilizou-se para retirar da reserva seis arrozeiros. Os invasores da área, convencidos de que “índio atrapalha o progresso”, reagiram com violência, inclusive bombas. Criaram o fato político capaz de induzir o STF a suspender a medida legal e reiniciar o atribulado percurso já transitado pelos três poderes da República.
Roraima abriga pouco mais de 400 mil habitantes num território de 224.298 km2 (pouco menor que o Equador). Raposa Serra do Sol é uma área de 1,67 milhão de hectares situada no nordeste do estado, nas fronteiras com a Venezuela e a Guiana. A área foi demarcada pelo Ministério da Justiça, através da Portaria 820/98, em 1998, durante o governo FHC. Da área de Roraima, 46,35% são reservadas aos indígenas. Ali eles somam 46.106, distribuídos em 152 aldeias dos povos Yanomami (15 mil), Macuxi, Wapixana, Wai-Wai, Ingaricó, Taurepang, Waimiri-Atroari e Patamona.
Políticos e arrozeiros queriam a demarcação em área descontínua, “ilhas” onde pudessem permanecer com suas terras (invadidas) e propriedades (ilegais). Três municípios foram criados dentro da reserva indígena: Normandia, Uiramutã, e parte de Pacaraima. Raposa Serra do Sol não é apenas uma selva salpicada de tribos. Ali atuam 251 professores indígenas em 113 escolas de ensino fundamental e três de ensino médio. Os indígenas manejam um rebanho de 27 mil cabeças de gado. Funciona dentro da reserva a Escola Agropecuária de Surumu, que profissionaliza técnicos de nível médio. Conveniados com a Funasa, há 438 Agentes Indígenas de Saúde e 100 indígenas técnicos em microscópio, trabalhando em 187 postos de saúde e 62 laboratórios. Valoriza-se a medicina tradicional indígena.
Dentro do território demarcado, seis rizicultores ocupam 6 mil hectares, com lavouras irrigadas, nas margens dos rios Cotingo, Tacutu e Surumu. Todos grileiros em terras da União. Utilizam agrotóxicos, destroem a mata ciliar, soterram lagoas e igarapés, abrem valas para canalizar a água dos rios às suas lavouras. A mesma água, poluída com agrotóxico e inutilizável para o consumo, retorna ao rio, matando os peixes. No verão, impedidas de fazer uso da água dos rios, as comunidades indígenas são obrigadas a cavar poços. Com a destruição das lagoas e da mata ciliar, as caças desaparecem.
Os vilarejos dentro da reserva dão apoio ao garimpo ilegal e, ali, circulam bebidas alcoólicas, muitas vezes oferecidas às jovens indígenas…
Os direitos dos povos indígenas estão garantidos pelo artigo 231 da Constituição; assegura-lhes a posse permanente e o uso exclusivo de suas terras. Uma demarcação fracionada da área favorecerá a invasão de forasteiros, aumentará a incidência de conflitos e porá em risco a sobrevivência de culturas milenares.
Na primeira semana de janeiro de 2004, o Jornal Nacional mostrou a mobilização de arrozeiros e latifundiários interrompendo estradas na tentativa de evitar a homologação de Raposa Serra do Sol. Com o apoio de lideranças indígenas cooptadas, seqüestraram três missionários católicos da Missão Surumu: os padres Ronildo Pinto França, brasileiro; e Cézar Avellaneda, colombiano; e o irmão espanhol Juan Carlos Martinez, todos membros do Instituto Missão Consolata. O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, advertiu o governador Flamarion Portela, de Roraima, de que o governo federal tomaria providências para liberar os reféns e desmobilizar o protesto. A Policia Federal agiu e libertou os seqüestrados.
Eram seis hora da manhã de 23 de novembro de 2004, quando a comunidade Jauari foi despertada por tiros, gritos, roncos de máquinas. Quarenta homens armados mataram galinhas, porcos e cães, e deram dois tiros no macuxi Jocivaldo Constantino, um deles na cabeça. De lá marcharam para destruir as comunidades indígenas Brilho do Sol, Retiro São José e Homologação. Nas quatro aldeias derrubaram, com tratores, 37 casas e incendiaram os escombros, sem poupar a igreja, a escola e o posto de saúde; isolaram as áreas e fecharam as estradas. Ficaram desabrigadas 131 pessoas.
Retroagir a homologação de Raposa Serra do Sol para área não-contínua representa grave precedente jurídico em relação aos demais processos demarcatórios, e poderá estimular grileiros e oportunistas a realizarem invasões nos mesmos moldes das que ocorrem em Roraima.
Quanto à Segurança Nacional, lembro que os povos indígenas têm, historicamente, desempenhado papel fundamental na preservação e defesa de nossos atuais limites territoriais. Não são os índios que promovem degradação ambiental, contrabando, garimpagem de minérios preciosos e derrubada de madeiras nobres. A hipótese de se criar uma faixa de 10 a 20 km de largura ao longo de nossas fronteiras abre o risco de atrair intenso movimento migratório de não-índios para a região, causando degradação ambiental e social, desmatamento e contaminação dos rios.
Cabe ao STF fazer cumprir a Constituição, ou seja, confirmar a homologação em área contínua e, ao governo, deslocar a sede do município de Uiramutã para as margens da rodovia BR-401 (que liga à Guiana); promover a regularização fundiária de Roraima e reassentar os posseiros em áreas definidas pelo Incra, com pagamento das justas indenizações; e preservar as atuais rodovias, como bens públicos, para uso de cidadãos indígenas ou não. Retalhar raposa Serra do Sol é retalhar a Constituição Brasileira, reforçar a discriminação aos indígenas e premiar o faroeste dos que apóiam os interesses de apenas seis arrozeiros.

Frei Betto é escritor e assessor de movimentos sociais, autor de “A Mosca Azul – reflexão sobre o poder” (Rocco), entre outros livros.

Os grifos são meus - Ana Kristina S. Ribeiro

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

'Que interesses estão por trás dessas sistemáticas campanhas contra os indígenas?'


'Que interesses estão por trás dessas sistemáticas campanhas contra os indígenas?'

Suposto caso de antropofagia no Amazonas força o reexame da relação do Brasil com suas comunidades indígenas. "Acredito que não se trata de um caso de antropofagia ocorrido dentro dos códigos culturais tradicionais indígenas. Que sentido tem falar em um caso de antropofagia supostamente ocorrido neste contexto? O objetivo parece ser fazer os indígenas sentarem no banco dos réus, justificarem-se perante a sociedade, voltarem a ser suspeitos de constituir uma forma imperfeita de humanidade. Voltarem a ter quem os tutele, que limite sua liberdade e seus direitos. Que não possam ser respeitados e aceitos como cidadãos normais. Gostaria de saber que interesses estão por trás dessas sistemáticas campanhas contra os indígenas, que levam para a discussão pública temas bizarros e omitem sistematicamente os problemas reais vividos por eles", diz João Pacheco de Oliveira, coordenador da Comissão de Assuntos Indígenas da Associação Brasileira de Antropologia (ABA) -

FSP, 15/2, Mais!, p.3.

MAIS UM CASO DE "ANTROPOFAGIA" EM MASSA, PRATICADO POR BRANCOS DA FUNAI DE DOURADOS

Amigos,

Me detive em 2 frases do Heitor. A primeira é

"Tática antiga de fazendeiros mancomunados com a FUNAI para diminuir o número de índios Guarani Kaiowá através dos surtos de inanição provocados periodicamente para induzir a morte de crianças e idosos."

Na época do Fernando Collor, me lembro que ele batia no peito prometendo acabar com a pobreza. Ao invés disso, com aqueles famosos congelamentos, tudo o que víamos era o ágio para todo lado e o pobre ficando cada vez mais pobre. Me lembro que eu costumava a brincar dizendo que a política do Collor era acabar com a pobreza exterminando os pobres.

Acho que trata-se da mesma coisa. Fica fácil acabar com o problema dos índios se não houver mais índios para terem problemas, não é mesmo? Pensem bem, parece ridículo, mas esse meio lento e contínuo é eficiente e quase transparente. O povo brasileiro se acostuma com desgraças. Quando 100 pessoas morrem de uma vez há grande comoção. Mas se as mesmas 100 pessoas morressem, uma a cada dia, durante 100 dias, na 10º o brasileiro já acharia que a coisa é normal.

Há quanto tempo estamos aqui falando sobre as condições dos Kaiowás em Dourados? Que eu me lembre, pelo menos 2 anos.

O que o governo fez? E olha que a situação dos Kaiowas ganhou manchetes mundiais! Eu mesma assinei há pouco tempo um abaixo-assinado on-line iniciado por uma holandesa!!!!

Desculpem a ironia, mas porque o Governo iria interferir? Me parece que seus membros que odiavam coronéis de farda agora passaram a adorar coronéis de botas e chapeus de palha, né?

A segunda frase foi a seguinte:

"Notícias típicas de um país que só demonstra ter leis nos grandes centros urbanos."

Fico pensando na eficácia de ficarmos nos indignando tão longe do foco do conflito. Não é que só tenhamos leis nos grandes centros urbanos, mas o fato é que aqui somos mais organizados e cobramos mais (e cá pra nós, ainda temos muito o que aprender sobre cidadania). Mas os Kaiowá... Pensem, são isolados. É uma sub-etnia tímida e reservada. Não os conheço pessoalmente, mas imagino que muito poucos falem o português.

Imagino também que a população local também seja preconceituosa e que a propaganda , ostensiva e subliminar, pro-fazendeiros seja muito forte. Isso sem falar nas ameaças.

Tô imaginando demais? Mas não consigo imaginar uma solução que não passe pela lavagem moral dos governantes. Falam da África em seus discursos populistas, mas não vêem crianças morrendo de fome em Mato Grosso.

Pensando bem nós, o povo de maneira geral, também precisamos de uma lavagenzinha. Porquê as imagens que eu mesma já postei aqui neste espaço não aparecem na Globo? Porque estamos tão mais preocupadas em saber se a brasileira foi ou não vítima de um ataque xenófobo na Suiça que largamos nossas próprias crianças à mingua.

Então, queridos amigos, não tenho idéia do que pode ser feito para sensibilizar o Governo Federal, e por tabela o Estadual e Municipal (Dourados) para que essa

etnofagia,
etnolimpeza,
etno-sacanagem
acabe.

Se alguém tiver alguma idéia.... o espaço está aqui.

Um abraço,

Ana Kristina

MAIS UM CASO DE "ANTROPOFAGIA" EM MASSA, PRATICADO POR BRANCOS DA FUNAI DE DOURADOS

Date: 2009/2/17
Subject: MAIS UM CASO DE "ANTROPOFAGIA" EM MASSA, PRATICADO POR
BRANCOS DA FUNAI DE DOURADOS
To: coracao_e_espirito_indigena@yahoogrupos.com.br,
literaturaindigena@yahoogrupos.com.br

Irmãos, parentes e amigos.

Hoje pela manhã tive ciência de mais um caso de "antropofagia da
vida", desta vez em massa.
As crianças Guarani Kaiowá estão passando fome na aldeia Bororó (onde
meu avô nasceu).
Enquanto que nos depósitos da FUNAI de DOURADOS o alimento em sacos ou
em cestas básicas
estraga e aos montes.

http://g1.globo.com/bomdiabrasil/0,,MUL1005272-16020,00-MS+IMPASSE+INTERROMPE+DISTRIBUICAO+DE+ALIMENTOS+DA+FUNAI+A+INDIOS.html

Tática antiga de fazendeiros mancomunados com a FUNAI para diminuir o
número de índios Guarani Kaiowá
através dos surtos de inanição provocados periodicamente para induzir
a morte de crianças e idosos.

Aliás, prática muito mais vil e sórdida do que um único assassinato de invasor.

Com a morte de idosos e crianças, os exploradores das legítimas terras
Kaiowá procuram com apoio de órgãos
do governo eliminar, gradualmente, o grande e incômodo problema Kaiowá.

Alguns deputados em Brasília já levaram o caso de genocídeo
premeditado ao senado. Todavia, como são
minoria, o assunto logo estará esquecido. Crianças e velhos estarão em
breve, debaixo da terra.

Mais uma etapa da perda sistemática de vidas, cultura e crença, fruto
da aliança: Fazendeiros de MS & Órgãos do Governo.

Notícias típicas de um país que só demonstra ter leis nos grandes
centros urbanos.

Muito triste, ver crianças do mesmo sangue de quem aqui escreve.

Heitor Karaí Awá Ruvixá

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Canibais e chá de boldo... - Texto de Marcos Terena


De repente chegou a noticia de que os indígenas do Povo Kulina lá do interiorzão do Acre, degustaram algumas partes de um homem branco...   Lançada o ingrediente de um novo cardápio como uma chama num barril de polvoras, então começa o vespeiro de perguntas, opiniões de especialistas, midias, sons, etc...  

Nós do baixo clero ficamos pelo menos matutando com alguma tristeza e com muita raiva e descofiança: Põ... como é possivel que depois de tantos anos de contato com a sociedade envolvente do homem branco e com tantas caças, sacolão do fome zero e peixes amazonicos, alguem possa acreditar que agora... se deva comer carne humana.

Nos ultimos tempos, o colonizador acostumado a trabalhar com a imagem do mito, do herói e de tantas simbologias, criou a lenda de dificil comprovação, de que um padre de nome Sardinha teria sido devorado pelos Tupinambas... E agora, com os irmãos Kulina.

Como diria o velho sábio Jeca Tatu, tem arguma coisa errada nesse causo ou essa história tá mal contada.
 
Como a piola sempre arrebenta do lado mais fraco, então nós daqui do sul, do centro oeste e de outras regiões acostumados com churrascos, farofa, beiju, mandioca, banana e até mesmo guaraná, ficamos pensando:
qual o significado dessa história de comer o homem branco? vale a pena? Saborear com gosto ou com raiva?
Porque... engolir sapo em nome da civilização moderna, nós indigenas já fizemos isso varias vezes.
E não é mole, não!!!!

Pensem nisso Canibais, reflitam e lembrem-se: contra má digestão, chá de boldo!!!!



M. MARCOS TERENA
Miembro de la Cátedra Indigena Itinerante - CII
Gerente del Memorial de los Pueblos Indigenas

 

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GRUPO DE APOIO CORAÇÃO E ESPÍRITO INDÍGENA  
Uma porta aberta para o mundo apoiar um movimento de dignidade em favor do Povo da Terra.


Comunidade: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=16268887&refresh=1
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Farc são acusadas de matar 27 índios Awá em uma semana


Ao menos dez indígenas da etnia Awá foram assassinados na madrugada de anteontem no sul da Colômbia, segundo lideranças indígenas e o governo do departamento (Estado) de Nariño. As vítimas se somam a outros 17 Awá mortos na semana passada - as Farc são as mais fortes suspeitas de serem autoras do massacre. Segundo a Onic (Organização Nacional Indígena da Colômbia), os dez índios foram mortos enquanto fugiam da primeira matança. Ontem o grupo Colombianos pela Paz, que tenta negociar com a guerrilha, instou as Farc a se pronunciar sobre o caso. Os Awá são cerca de 30 mil e vivem entre a Cordilheira dos Andes e o Pacífico, rota de saída de cocaína e zona de conflito entre guerrilheiros, paramilitares e soldados. São acusados pelas Farc e pelo Exército de não colaborar - FSP, 13/2, Mundo, p.A9.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Apoio a luta dos guarani de Araça'i e Kuña Porã

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Caros Amigos, irmãos Parceiros
Esta foi carta enviada à Funai e Ministério público federal.
Recebemos dos Parentes e do CIMI SUL.
Agradecemos repassarem

Utinguassú Liana
Servidora/Presidente OSCIP
Yvy Kuraxo
Subject: Apoio a luta dos guarani de Araça'i e Kuña Porã

Encontro Sepé Tiaraju

Assembléia Regional do Povo Indígena Guarani

São Gabriel – Rio Grande do Sul – BRA

5, 6 e 7 de Fevereiro de 2009


São Gabriel, 7 de Fevereiro de 2009.


Ao Senhor Presidente da Funai

Dr. Presidente Márcio Meira

Cc: Ministério Público Federal de São Miguel do Oeste


Dra. Maria Rezende Capucci


As comunidades Guarani de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, reunidos no Encontro Sepé Tiaraju, em São Gabriel, RS, vimos por meio deste prestar apoio à comunidade Guarani de Araça'i, de Cunhã Porã e Saudades, Santa Catarina, que teve seu procedimento de demarcação iniciado no ano de 1998, tendo sido expulsos da terra em 2000 pela primeira vez, retornando em 2005 sofrendo outra expulssão, estando atualmente em situação provisória em Toldo Chimbangue, em terra emprestada pelo povo Kaingang.

Em abril de 2007 foi assinada, pelo Ministro da Justiça Tarso Genro, a Portaria Declaratória garantindo a área à comunidade. Porém, a Portaria Declaratória sofreu liminar na Justiça Federal de Chapecó suspendendo seus efeitos, mas, em julgamento de recurso na 4a Região da Justiça Federal em Porto Alegre a liminar foi suspensa, com isso a FUNAI pôde dar continuidade à demarcação.

A FUNAI encaminhou Portaria constituindo GT para a realização do levantamento fundiário ainda em novembro de 2008, porém o GT ainda não começou os trabalhos.

Devido a esta situação, nós participantes do Encontro Sepé Tiaraju, exigimos que o GT dê início imediato ao levantamento fundiário e a finalização do processo demarcatório, e que sua comunidade Guarani possa, enfim, retornar para sua terra.

Gratos pela atenção.

Participantes do Encontro Sepé Tiaraju.



GRUPO DE APOIO CORAÇÃO E ESPÍRITO INDÍGENA
Uma porta aberta para o mundo apoiar um movimento de dignidade em favor do Povo da Terra.


Comunidade: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=16268887&refresh=1
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terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Estrada ilegal ameaça a Terra Indígena Awá, no Maranhão

Estrada ilegal ameaça a Terra Indígena Awá, no Maranhão

[10/02/2009 12:47]

Madeireiros ilegais abrem estrada na TI Awá (MA) colocando em risco a integridade das comunidades indígenas e a vida de grupos isolados. Índios ameaçam abrir guerra contra invasores.

A comunidade Juriti, única aldeia da Terra Indígena Awá, no Maranhão, vive em tensão constante. Seus 39 habitantes vivem acuados pelo barulho de tratores que, recentemente, abriram uma nova estrada no coração de suas terras para escoamento de madeira. A estrada ocupa a porção sudoeste da Terra Indígena e se encontra a menos de duas horas de caminhada da aldeia e do Posto Indígena da Funai nessa área. Posseiros também têm invadido a TI Awá abrindo roças e utilizando recursos naturais, que não é a única a sofrer esse processo de degradação. Juntam-se a ela as Terras Indígenas Araribóia, Alto Turiaçú e Carú que se constituem nas últimas reservas de floresta tropical do Estado do Maranhão.

Estrada aberta por madeireiros na Terra Indígena Awá (MA)

Para piorar a situação, estima-se que um grupo isolado de cerca de 10 pessoas viva naquela região. Em 5 de fevereiro último, o coordenador-geral de índios isolados da Fundação Nacional do Índio (Funai), Elias Biggio, admitiu em entrevista ao site Globo Amazônia que há relatos de contato entre os madeireiros e os isolados. Sensíveis às doenças infecto-contagiosas, os índios Guajá isolados correm o risco de desaparecer em curto período de tempo. A principal conseqüência da ação dos invasores é a dispersão dos animais de caça. Sem ter o que comer, os Guajá contatados estão sujeitos a desnutrição e morte.

Imagens mostram manchas do desmatamento

Na imagem de satélite captada em outubro de 2008 é possível ver o desmatamento provocado pelos invasores, que suprimiram a mata nativa de praticamente toda a fronteira leste da Terra Indígena Awá para abrir roças e cortar madeira. Mas a oeste também é possível constatar a ação das madeireiras em diversos pontos onde grandes clareiras foram abertas para a retirada de madeiras nobres.

Conflito é iminente na região

O conflito entre madeireiros, posseiros e índios é iminente. Em agosto de 2008 madeireiros atacaram a tiros aldeias de índios Guajajara na Terra Indígena Araribóia, causando um clima de terror em toda a região. Nesta mesma TI vivem cerca de 50 Guajá isolados que estão sofrendo com o alto grau de desmatamento, assim como os grupos da TI Awá e TI Carú. Como em outras regiões da Amazônia a omissão dos órgãos governamentais, sobretudo da Funai e do Ibama, levou os índios a afirmarem que estão se preparando para iniciar uma guerra contra os invasores. Saiba mais.

No início de fevereiro, a ONG Survival International lançou uma campanha voltada e impedir a aniquilação dos Guajá . Baseada em ações postais, a campanha visa influenciar o Banco Mundial, a União Européia e o Parlamento Europeu para pressionar o Brasil a resolver os problemas fundiários na região. Essa campanha é a atualização de uma ação desenvolvida em maio de 2002 com o apoio da revista Sem Fronteiras e o Instituto Ekos para a Equidade e a Justiça, dos missionários combonianos do Nordeste, da revista Caros Amigos, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal e da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos.

Saiba mais sobre os Guajá.

Uirá Felipe Garcia para o ISA

ISA, Instituto Socioambiental.