quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Os Saterés produtores de guaraná de Barreirinha, Maués e Parintins, estão sendo enganados há vários anos, pelo italiano Maurício Frabonne.

O Conselho Geral da Tribo Sateré-Mawe (CGTSM) e a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) denunciaram ontem que os saterés produtores de guaraná de Barreirinha, Maués e Parintins, estão sendo enganados há vários anos, pelo italiano Maurício Frabonne.

Intermediário de um consórcio empresarial encabeçado pela Associação de Consultoria e Pesquisa Indigenista da Amazônia (Acopiama), Frabonne comercializa produtos derivados de guaraná no mercado europeu sem repassar aos índios os valores cobrados a mais para investimentos em projetos de educação, saúde e transporte. Ele, inclusive, lançou um livro, contando a história do guaraná, denominado por ele de ?warana?, até esta semana ignorado pelos indígenas.

O italiano utiliza o nome do povo sateré para ganhar dinheiro e já lançou até um livro contando nossa história do qual não tínhamos conhecimento?, afirmou o presidente da CGTSM, Derli Bastos Batista, ao repassar os documentos comprovando esses fatos ao presidente da Coiab, Jecinaldo Sateré.

Frabonne é conhecido dos saterés desde a década de 90, quando intermediou um convênio com as empresas Guayapi e Sapopema, de propriedade da italiana Claudie Ravel, com o objetivo de vender a produção de guaraná dos índios das comunidades do Marau, em Maués (a 267 quilômetros de Manaus), Andirá, em Barreirinha (a 328 quilômetros) e Uacurapá, em Parintins (a 326 quilômetros).

Produção

Só em 2006, foram enviados 8,6 mil quilos de guaraná, cujo quilo foi pago a R$ 22,00. Mas na Itália o produto foi comercializado pelo dobro do preço, e em euros, tendo em vista o marketing feito pela Guayapi de que a diferença a mais estaria sendo revertida em benefícios sociais aos indígenas. "Isso nunca aconteceu", afirmou Derli. A denúncia está sendo encaminhada à Polícia Federal, Ministério Público Federal (MPF), Procuradoria Geral da República (PGR), Fundação Nacional do Índio (Funai). Obadias foi procurado pela reportagem em Parintins, mas na sede do CGTSM ninguém soube informar onde poderia ser localizado.

Ana Célia Ossame

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